segunda-feira, 28 de março de 2011

ARTES: PICASSO ANÁLISE & ESTILO

Pablo Picasso - Google Imagens

Breve Resumo

Auto-retrato
Picasso é o paradigma do artista moderno. Inventivo, desafiador, engajado em lutas sociais. Todas as características que apontamos na arte de vanguarda do início do século, Picasso vai encarná-las com tal amplitude e intensidade como nenhum outro artista do século XX o fez. Espírito irrequieto, não hesitou em abandonar uma fase extremamente candente e poética, como a denominada fase azul para lançar-se no experimentalismo geométrico do Cubismo. Quando todos já haviam se inteirado das novas descobertas plásticas, retoma um estilo classicista totalmente incompreensível para quem não entende seu gênio libertário (Na ilustração, Auto-retrato, 1907, óleo sobre tela, National gallery, Praga).
Por diversas vezes tomou partido em situações sociais que o afligiam. Usou dos pincéis como instrumento de denúncia, tanto durante a Guerra Civil espanhola, quando denunciou o bombardeio nazista sobre a cidade de Guernica, como quando pintou um protesto contra a guerra insana do ocidente contra a Coréia.

Fase azul


Os quadros da fase azul caracterizam-se pelo quase monocromatismo. As telas são realizadas em uma gama estreita de cores, variando em tons de azul e tons pastel. O tema é sempre a pobreza ou a morte. Os personagens são envolvidos por uma aura de solidão e desespero, os olhares são entristecidos, a tez pálida, os pés descalços.

Mendigos Junto ao Mar

A rudeza das superfícies não impede que toda ternura do artista pelos miseráveis extravase nesta pintura. Os tecidos rotos põem à mostra as anatomias esqueléticas, como nas costas da mulher, onde aparece a ossatura saliente. O frio congela os corpos e as almas. O azul profundo configura um ambiente melancólico devastador. (Na ilustração à direita, Mendigos junto ao mar (A Tragédia), 1903, óleo sobre madeira, National Gallery of Art, Washington).
 A Vida

A Vida
Esta pintura é inspirada no suicídio do pintor Casagemas, amigo de Picasso. Morto pela desilusão amorosa, Casagemas é retratado abraçado àquela que parece ter sido a causa de seu infortúnio, uma modelo que freqüentava o atelier de ambos, Germaine. Talvez Picasso quisesse garantir ao amigo o abraço da amada, ao menos na eternidade do imaginário da arte. (Na ilustração à esquerda, A vida, 1903, óleo sobre tela, Cleveland Museum of Art).
  
Fase Rosa
A fase rosa é um retorno do artista a alegria da vida. Os tons azuis e a melancolia da fase anterior são amenizados pela introdução de um novo tema, os saltimbancos, assim como uma nova gama de cores, mais variada. Picasso vai explorar este tema em inúmeras situações, demonstrando seu apreço pela vida circense. Retrata famílias de acrobatas, mulheres com seus bebês em meio a animais do circo, meninos treinando malabarismo sobre bola, meninas adestrando cavalos. As cores são mais suaves, predominando os tons vermelhos muito pálidos, assim como o tom geral da pintura torna-se mais luminoso.

Retrato de Gertrude Stein

Gertrude Stein
Este é um quadro de grande potência. Está a meio caminho entre a fase rosa e o cubismo. O cromatismo é comum a outras telas daquele período, mas as formas já prenunciam a abstração que está por vir. A pose da retratada - famosa escritora norte-americana e uma das mecenas do artista no início de sua carreira - denota sua forte personalidade. O corpo se inclina para a frente, em direção ao observador, como a querer sussurrar-lhe algo. O rosto, que Picasso transforma em uma máscara africana, é inquisidor e tem a boca severa e irônica. (Na ilustração à esquerda, Retrato de Gertrude Stein, 1906, óleo sobre tela, 100x81,3 cm, MOMA)

Cubismo

A primeira tela cubista é Demoiselles d´Avignon. A metamorfose de culturas, européia em africana, vai concretizar-se de forma virulenta na Demoiselles. Retratando uma cena de meretrício, Picasso converte as personagens em verdadeiros ícones primitivos, anímicos. Como deusas da fertilidade tribais, as personagens tornam-se míticas pela mistura de aspectos antropomórficos com geometrismos típicos da arte primitiva.

Les demoiselles d´Avignon

Los Demoiselles
Esta é considerada não apenas uma das obras-primas de Picasso como, também, a pintura que inicia o movimento Cubista (e, por que não, o modernismo também) nas artes. Representa uma cena de bordel na rua de Avignon, em Barcelona. O estilo agressivo da pintura é uma mescla da fase rosa de Picasso com a arte africana e oceânica, especialmente máscaras rituais. (Na ilustração à direita, Les demoiselles d'Avignon, 1907, 243,9x233,7 cm., óleo sobre tela, MOMA). Para ver detalhes desta pintura.
O que se observa na pintura é uma progressiva transformação do rosto das moças em máscaras. Enquanto as duas figuras do centro da composição mantém o caráter naturalista da representação, as duas que estão à direita já são autênticas deusas da fertilidade primitivas. Os detalhes da anatomia são eliminados em proveito da planificação das formas. É uma obra selvagem, rude, parece que talhada a machado. Contribui para este efeito a falta de modelagem entre as cores, que são aplicadas sem que haja modulação, suavização, entre uma e outra. 
Também é nova a matéria que é ali representada. Blocos de arestas agudas, alguns translúcidos, rígidos como vidro. Outros corroídos, raspados, atritados entre si. Compositivamente, o conjunto se articula em torno à recorrência da forma de lua crescente que é repetida em várias partes da pintura. Assim é o formato do corpo da figura à direita, em baixo, acocorada. É o formato da fatia de melancia (ou melão?) na pequena natureza morta ao centro, em baixo. No próprio rosto desta figura, o nariz lembra também uma lua crescente. Esta pintura é um golpe violento contra o classicismo na arte européia. Depois das Demoiselles, a arte nunca mais foi igual à da tradição renascentista. É uma pintura que pode pretender muito (nada?), menos ser bela no sentido clássico do termo.

Cubismo analítico

O cubismo posterior, dito analítico, é bastante diferenciado deste cubismo africano inicial. Sob influência de Cézanne, Picasso e Braque vão ampliar o aspecto geométrico de suas obras, tornando os objetos e figuras cada vez mais segmentados por polígonos. A figura deixa de ser representada dentro dos cânones clássicos e passa a ser descrita em termos de uma multiplicidade de pequenas áreas que apenas sugerem as formas dos corpos. Picasso e Braque pretendiam estar fazendo obra realista e muitas teorias foram desenvolvidas pelos críticos para encontrar o realismo nas pinturas que produziam. Uma destas teorias é a que afirma que no Cubismo o objeto é representado a partir de diversos pontos de vista, por isto o aspecto caleidoscópio. Na verdade, ninguém nunca conseguiu provar esta tese, a que permanece apenas como uma curiosidade não comprovada.
Abstracionismo
O abstracionismo (e não realismo) era tão evidente no desenvolvimento do cubismo que os próprios autores em breve passaram a utilizar-se de fragmentos do mundo para tentar novamente ancorar as obras dentro de uma proposta realista. Surgiram as colagens de pedaços de jornal, retalhos de tecidos, rótulos de garrafas etc. Era como se os dois pintores pretendessem trazer o mundo para suas pinturas. Evitavam alcançar a pura abstração, depois realizada por Kandinsky, Malevich e Mondrian.

Moça com bandolim

Cubismo Analítico
A fragmentação da forma é levada a extremos. Toda a figura é descrita em termos de planos que se justapõem e interpenetram. Poucas linhas descrevem alguns aspectos da anatomia que mantém a reminiscência do objeto. Os volumes não se coadunam. (Na ilustração à esquerda, Moça com bandolim, (Fanny Tellier), 1910, 100,3x73,6 cm, óleo sobre tela, MOMA).


Natureza morta com cadeira de Palha

Cubismo Sintético
Esta é, talvez, a primeira pintura cubista em que Picasso se utiliza de materiais reais fixados à tela. Inaugura toda uma fase nova do cubismo, o das colagens. A tela de palhinha ao fundo é uma material real, assim como a corda que rodeia o perímetro da composição. A sensação é a de uma inusitada incoerência entre a natureza morta abstrata, pintada, e o material real colado. Uma das razões de Picasso e Braque utilizarem-se deste recurso foi a sua recusa em levar a experiência cubista até as raias da pura abstração. Ambos os artistas tinham reservas contra o que foi depois alcançado por Kandinsky, Malevich e Mondrian. Outra inovação interessante desta pintura é o resgate do formato oval da tela de pintura. (Na ilustração à direita, Natureza morta com cadeira de palha, 1912, 29x37 cm, óleo e tela sobre tela, Musée Picasso, Paris).

Cubismo sintético

Entretanto, a qualidade das superfícies cubistas como elementos decorativos – dada a sua estilização – acabou por alcançar o chamado cubismo sintético. Com a participação principalmente de Juan Gris, o cubismo chega a um estágio ornamental. Se anteriormente, no cubismo analítico, a austera gama de cores variava pouco entre o verde, o marrom e o ocre, no cubismo sintético vamos encontrar uma maior variedade tonal. O cromatismo variado é somado a uma maior valorização das superfícies pela sua própria qualidade estética, especialmente pelo destaque das texturas. O próprio desenvolvimento do cubismo desmente qualquer análise que aponte realismo em suas obras. Entre a descrição da realidade e a estética, Picasso ficou com a segunda.

Três músicos

Os Três Músicos
Nesta fase do cubismo sintético, Picasso pinta as texturas dos materiais que antes colava sobre as telas. Ao invés de colagem, todas as diversas texturas vistas aqui são reproduzidas meticulosamente com o pincel. Os três músicos são totalmente convertidos em polígonos , cujas poucas reminiscências humanas são os círculos colocados a título de olhos e as pequeníssimas mãos que empunham os instrumentos. (Na ilustração à esquerda, Os três músicos (Os Músicos mascarados), 1921, 200,7x222,9 cm, óleo sobre tela, MOMA).
Como planos, eles se rearticulam no espaço pelo jogo de contigüidades e sobreposições. Em alguns pontos da tela, a cor recupera o contínuo de um corpo atravessado por outro, como no caso do músico de branco, atravessado que é pela mesa. O mesmo não ocorre com a área em azul acinzentado em torno dos olhos do músico do meio. A mesma área invade o músico de branco e perpassa por baixo da partitura à direita. Impossível saber a quem pertence esta forma.

Classicismo e Abstracionismo
Surpreendentemente, após as incursões no abstracionismo, Picasso retorna (avança?) a uma fase clássica. Simultaneamente a pinturas que continuam desenvolvendo um estilo geométrico e ornamental, vai produzindo obras cuja inspiração parece advir do universo greco-romano. As figuras são maciças, de proporções que lembram a escala heróica de Michelangelo. São banhistas, pares e trios de mulheres nuas, jovens flautistas.
Dentro da tendência abstracionista, herdeira do cubismo sintético, Picasso produz diversas obras-primas, inclusive o aclamado Guernica. São pinturas em que o senso estético da variedade das cores e das texturas põe-se a serviço de uma poesia visual de grande inventividade. Um quadro como Menina diante do espelho, revela toda a gama de recursos estilísticos do pintor, em uma cena de jovialidade. Em outros quadros, como a Mulher chorando, utiliza-se da mesma inventividade para produzir testemunho trágico da tristeza.

 Três dançarinas

As Três Dançarinas
Esta tela representa um momento de virada no estilo de Picasso. Desde a segunda década do século ele vinha produzindo em dois estilos totalmente distintos: ora pinturas cubistas, utilizando todo o repertório estilístico que havia desenvolvido, ora pinturas clássicas, dentro da mais helenística das tradições. (Na ilustração à direita, As três Dançarinas (A dança), 1925, 215x142 cm, óleo sobre tela, Tate Gallery, Londres).
Com as Três dançarinas, ele realiza uma síntese dos dois estilos. Depois dela – 1925 - esta síntese vai se tornar a norma de sua arte. Estruturalmente a tela emprega as qualificações cubistas, inclusive as texturas imitando colagens de materiais, tais como no papel de parede. Já a anatomia das figuras sucumbe diante da extrema inventividade do artista. A matéria dos corpos funde-se com a matéria das paredes, dos batentes, das janelas. Seios viram olhos, sombras adquirem vida. O fundo irrompe sobre as figuras, tornando as figuras grotescas, mas de uma alegria vibrante e efusiva. É uma tela talvez mais selvagem e agressiva que o Demoiselles d´Avignon.

Menina diante do espelho

Menina Diante do Espelho
O motivo do espelho é talvez dos mais recorrentes na história da pintura. Seja através dos auto-retratos realizados pelos artistas (onde o espelho está implícito) até em obras como o Narciso, de Caravaggio, ou o Casal Arnolfini de Van Eyck, ou mesmo Las Meninas de Velázquez - tão admirado por Picasso –, obras onde o espelho é parte fundamental da narrativa. (Na ilustração à direita, Menina Diante do Espelho, 1932,  162,3x130,2 cm, óleo sobre tela, MOMA).
Nesta obra, Picasso converte o corpo humano em um arabesco, um ornamento. Embora sugira de longe a anatomia humana, especialmente no perfil do rosto da menina, todo o resto da pintura é um inventar com formas, típico desta fase do artista. Os seios e as nádegas surgem como elementos eróticos em um universo onde predominam as curvas e as esferas. A extrema riqueza das texturas e das cores torna a obra radiante.

Mulher que Chora

A Mulher que Chora
Esta é uma obra contemporânea do painel Guernica. É mais uma demonstração da genialidade do artista em converter a realidade em sua criação, como se fora um xamã (aquele que enxerga no escuro). Os olhos da figura, por exemplo, parecem pequenas vasilhas que derramam grossas lágrimas sobre o lenço transparente. (Na ilustração à esquerda, A mulher que chora, 1937-10-26, 60x49 cm., óleo sobre tela, Tate Gallery, Londres).

Guernica

Guernica
Picasso pinta esta obra em 1937, para o pavilhão da República Espanhola na Exposição Internacional de Paris. É inspirado no bombardeio de Guernica, a cidade que fora um dia capital do país basco. O bombardeio fora uma demonstração das letais técnicas bélicas nazistas sobre uma população indefesa. É uma tela enorme (7 metros e 82 centímetros de largura por 3 metros e 50 centímetros de altura). Nela está representada a brutalidade em sua forma mais anímica. (Na ilustração à direita, Guernica, 1937, óleo sobre tela, 349,3x776,6 cm, Museu nacional de Arte Reina Sofia, Madri). Para ver detalhes deste painel. 
A força agressiva desmesurada é representada por um touro que atravessou a tela vindo desde a direita, destruindo tudo à sua frente, e que agora pára, à esquerda, de boca aberta, cauda empinada, para contemplar o resultado de sua ação. O rastro da catástrofe se espalha pelo seu caminho. A figura à direita, braços abertos para o ar, grita pela dor do impacto. Outra figura se agacha para fugir, os olhos arregalados acompanhando o movimento da fúria. Um cavalo grita sua própria morte, ao centro, o ventre rasgado por uma terrível chaga aberta. Pedaços de um corpo se espalham pelo chão, a mão empunhando o que restou de uma espada, a cabeça com os olhos vazios, sem vida. À extrema esquerda uma das figuras mais trágicas. Uma mulher segura ao colo o filho cujo corpo pende, inerte. O grito da dor da perda soma-se ao terror da expectativa do ataque do touro que, parece, agora vai investir contra ela. Acima, uma figura assiste a tudo, olhos arregalados, boca aberta, segurando um lampião, apesar da luz acesa. Alguns críticos associam esta personagem à Estátua da Liberdade, em Nova York, uma metáfora dos Estados Unidos da América.
Atenção Caro Leitor/Estudante: Estas e outras Artes de Picasso você pode encontrar no google: Basta clicar "obras de Picasso" Bom estudo e boa sorte!
LISTA DE QUESTIONAMENTOS SOBRE OS TEXTOS:
(Arte e Estilo – Fase Azul) - 1.0  pontos
1. Cite três características marcantes de Picasso: 
2. Como o artista vai encarar a arte do início do séc. XX?  
3. O que caracteriza a Fase Azul?  
4. Como são suas cores?  
5. O que representa a cor azul nesta fase?  
6. Descreva sua visão sobre o quadro: A Vida
     (Fase Rosa) - 1.0  pontos
    1. O que apresenta esta fase do Artista?  
    2. O que ele retrata em suas artes aqui?  
    3. Quem foi Gertrude Stein?  
    4. Como expressa as cores nesta fase?  
    5. Descreva o que você acha sobre a pintura: Retrato de Gertrude Stein:
      (Cubismo) - 1.0  pontos
      1.  Defina o que são os aspectos antropomórficos e o geometrismo no Cubismo?
      2.  Quais as metamorfoses que envolvem o quadro: Demoiselles d’Avignon?
      3.  Evidencie as diferenças tonais (cores) entre o cubismo analítico e o sintético:
      4.  Descreva como você enxerga a posição dos músicos: Os Três Músicos
      5.  Explique os aspectos geométricos desta Arte:
      (Classicismo e Abstracismo) - 1.0  pontos
      1.  O que acontece depois que Picasso faz suas incursões no Abstracismo?
      2.  Como eram as pinturas ditas Clássicas?
      3.  Analise As Três Dançarinas: Figuras – paredes – batentes - corpos – seios – olhos – sombras:
      4.  A Obra: “Menina diante do Espelho” lembra um Arabesco. Que vem a ser isto?
      5.  Qual o ano e para onde Picasso pintou Guernica?
      6.  Em que esta Obra foi inspirada e qual o seu tamanho? 
      7.  Qual a Obra que converteu a realidade como se fora um Xamã? 
      8.  Analise a face da pintura: Mulher que chora: 

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      e-mail: Teacheremanue@hotmail.com.br

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